500 ANOS DA PRESENÇA PROTESTANTE NO MUNDO
– 31 de outubro de 1517 a 31 de outubro de 2017 –
por Jorge Henrique Barro
Hoje, 500 anos depois, é fácil nos apropriarmos das cinco afirmações centrais da Reforma.
Mas de modo algum podemos ignorar que muitas pessoas enfrentaram terríveis perseguições e até a morte para estabelecer esses postulados para a chamada Igreja Protestante. Há muitos cristãos que nunca ouviram falar destes cinco Sola ou outros que talvez ainda não entenderam.
Vejamos cada um dos cinco fundamentos da Reforma:
5. Soli Deo Gloria – Somente a glória de Deus
Finalmente o quinto pilar da Reforma Protestante: Soli Deo Gloria – somente a glória de Deus.
Romanos 5:1-2 é um resumo da Reforma Protestante:
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
Aí estão os temas somente Cristo – somente a fé – somente a graça – somente a glória de Deus!
A glória de Deus é o alvo último de todas as coisas como também da nossa existência. Tudo o mais são alvos penúltimos. Tudo o que fazemos, dentro ou fora da igreja (alvo penúltimo) é para a glória de Deus:
Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus (1 Co 10:31).
A Reforma, ao enfatizar a glória de Deus, traz para o centro a própria Trindade: Deus na pessoa do Pai, Filho e Espírito Santo. No centro do poder estavam os reis e o clero. O grito da Reforma foi que Deus jamais ficará na periferia da existência humana. Há sim uma permissão bíblica para alguém gloriar-se. Veja qual é:
Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor (1 Co 1:30).
Jesus é a glória de Deus entre nós! Glorie-se nEle!
Soli Deo Gloria é o ensino de que a glória jamais será divida com alguma pessoa ou alguma instituição, porque no final de tudo uma conclusão permanecerá:
Depois destas coisas, ouvi no céu uma como grande voz de numerosa multidão, dizendo: Aleluia! A salvação, e a glória, e o poder são do nosso Deus (Ap 19:1).
E isso tudo por que?
Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! (Rm 11:36).
E estejamos certos, assim como estiveram os Reformadores, de que:
Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem (Is 42:8).
Relembremos um poderoso rei que se recusou dar glória a Deus:
Em dia designado, Herodes, vestido de trajo real, assentado no trono, dirigiu-lhes a palavra; e o povo clamava: É voz de um deus, e não de homem! No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu, por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou (At 12:21-23).
Quem teria esperado que o perverso rei Herodes glorificasse a Deus? Se este tipo de ira é guardado para os pagãos que se recusam a dar toda a glória a Deus, não deve o povo Deus se encher ainda mais de temor a Deus e sempre lhe conferir a glória que Lhe é devida?
Soli Deo Gloria, pois só a Trindade é digna de toda honra, louvor e glória para todo o sempre e eternamente!
Jorge Henrique Barro – É doutor em Teologia pelo Fuller Theological Seminary (Pasadena. Califórnia – USA). Fundador e professor da Faculdade Teológica Sul Americana de Londrina e avaliador do MEC para Teologia.
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