
“O culto já se encaminhava para o fim, depois de mais de quatro horas desde o seu início. Na congregação estava reunido um grupo de pouco mais de quarenta sudaneses, oriundos de uma zona de guerra localizada no norte do país. Após ter compartilhado as Escrituras por cerca de meia hora, sentei-me na primeira fileira. Permaneci ali atento aos anúncios, até que fui distraído por um vulto próximo a única entrada do local. Para minha surpresa, identifiquei que o que roubava a minha atenção era um rato.
Enquanto os meus olhos se arregalavam e os meus pelos se arrepiavam ante ao medo de que o animal causasse uma imensa confusão, ele passou tranquilamente pela porta e se moveu em direção aos que estavam sentados na fileira ao lado. Ao ver aquela cena meu coração quase parou. Com determinação e agilidade ele correu para os fundos da sala, ziguezagueando entre as pernas de homens, mulheres e crianças que encontrou pelo caminho. Extremamente tenso e sem saber o que fazer, fiquei aguardando pelo momento em que a congregação irrompesse aos gritos e corre-corre.
Surpreendentemente, a reação das pessoas foi totalmente diferente da que estava imaginando. Elas simplesmente ignoraram a presença do roedor e continuaram demonstrando atenção aos avisos que eram apresentados pelo dirigente do culto. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo. Abaixei discretamente a cabeça, pus a mão no rosto e por alguns momentos passei a considerar a possível reação se algo semelhante tivesse acontecido no salão de culto da minha igreja local no Brasil. Garanto que a atitude não teria sido de passividade. O pavor teria tomado conta de alguns e o culto teria provavelmente se encerrado ali. No entanto, não estou mais no Brasil, mas na África! Sim, aqui as pessoas estão inseridas em outro ambiente cultural, social, linguístico e reagem aos eventos do cotidiano de maneira distinta. Apesar de algumas similaridades com o Brasil, a vida na África é bem diferente. Mesmo com o passar dos anos e servindo em diferentes países do continente africano, ainda estou me adaptando a ela.”

Paralelamente a atividade missionária, Jairo tem se dedicado ao ministério literário. É um dos comentaristas da Bíblia Missionária de Estudo, publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) e autor dos livros: Missões, a razão da existência da Igreja, Missões, Culturas e Vida, ministério e desafios no campo missionário, publicados pela Abba Press Editora; De todos os povos (Prêmio Areté 2010) e Verdades que falam ao coração, publicado pela Editora Descoberta; Reflexões de um apaixonado por missões, publicado pela MIAF e Amor além das fronteiras, publicado pela Editora Reflexão. É também coautor do livro Where there was a church, publicado pela GMI Books.
Jairo é missionário transcultural e iniciou a sua jornada ministerial no continente africano aos 17 anos quando seguiu para a África do Sul. Ele foi enviado pela Segunda Igreja Batista na Taquara-RJ a fim de trabalhar com refugiados da guerra de Angola. Depois de dois anos e meio de trabalho, retornou ao Brasil para um período de treinamento teológico, missiológio e linguístico. Cinco anos depois, retornou ao continente africano com a sua esposa e juntos serviram em quatro campos diferentes ao longo dos últimos 12 anos com a Missão para o Interior da África (MIAF).
Jairo é graduado em Bacharelado em Teologia a Distância na Faculdade Teológica Sul Americana e agora se prepara para iniciar um curso de Mestrado em Missiologia, com foco em Islamismo na Columbia International University, nos EUA. Segundo ele, durante os últimos três anos, a FTSA contribuiu para o desenvolvimento do seu ministério, tanto fornecendo capacitação continuada no campo missionário, como abrindo portas para a sequência dos seus estudos. Ao expressar a sua gratidão à FTSA, Jairo comenta: “Sou muito grato a todos os irmãos da FTSA. Os anos de estudos teológicos na faculdade foram muito importantes para a minha qualificação no desenvolvimento do meu ministério. Mesmo já tendo preparo teológico anterior sinto-me agora mais capacitado para servir na seara. Que o Senhor continue abençoando e usando a vida dos irmãos para o avanço do reino de Deus”. (atualizado em julho/2016)
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