Imagens da Igreja

imagens da igreja

A pergunta que fazemos é relevante: qual imagem é formada em sua mente quando a palavra “igreja” é mencionada? Você pensa em um povo, em um ajuntamento, em uma família, em um edifício, em uma comunidade? A imagem que foi formada é positiva, negativa ou neutra?

A imagem que se tem da igreja é formada a partir do agir dessa igreja. Como poderíamos re-conhecer algo que não conhecemos? Assim, quando a igreja age ou deixa de agir de acordo com o que se espera dela formamos e emitimos um julgamento sobre a mesma.

É provável que esse julgamento seja equivocado se a base do mesmo não for uma sólida e profunda teologia bíblica. Por exemplo: se eu penso que o papel da igreja é curar os enfermos e ela não faz isso, logo eu penso que essa igreja está falhando em sua tarefa. Se eu penso que o papel da igreja é abrir caminhos para que o povo receba a bênção divina e ela não faz isso, logo eu concluo que essa igreja falha na sua tarefa. O contrário também é verdadeiro. Se eu penso que não é o papel da igreja curar ou prover meios para a bênção e a igreja faz isso o tempo todo, eu concluo que ela falha em sua tarefa.

Ou seja, a questão a ser analisada ou refletida deve ser: qual é a razão de ser da igreja? Ou, para que serve uma igreja? Qual é a sua missão na terra?

Particularmente eu não creio que a tarefa da igreja é curar ou promover campanhas de curas. Não é sua tarefa intermediar entre o povo e Deus para que esse receba bênçãos. Creio que essas atividades são ocasionais e não a práxis diária da comunidade de fé. O problema é que são justamente essas coisas que atraem pessoas para dentro dos templos e os pastores contam com isso para encherem os róis de membros e consequente o aumento dos dízimos. Deus cura? Deus abençoa o seu povo? Se eu dissesse que não estaria incorrendo num grande erro.

Para reforçar o meu argumento cito David Bosch, sul africano e um dos melhores missiologistas dos tempos modernos. Falando da igreja ele diz:

“Sua principal missão no mundo é ser essa nova criação. Sua própria existência deveria ser para a glória de Deus. É exatamente isso que produz um efeito sobre os “de fora”. Por meio da conduta deles, os crentes atraem estranhos ou os repelem…. A conduta deles ou é atraente ou é ofensiva. Quando ela é atraente, as pessoas se aproximam da igreja, mesmo que a igreja não “saia”ativamente para evangelizá-las”.

Aqui reside o nó górdio. Por um lado, temos uma liderança que tem pressa em encher os templos e me parece que para elas os meios justificam os fins. É até provável que o líder/pastor nem acredite no que se faz dentro de seus templos, mas permitem pelos resultados alcançados. Do outro lado, temos uma liderança que crê que sim devemos formar discípulos de Jesus Cristo com uma vida atraente e que por causa da beleza da luz que brilham atrairão novos discípulos ao Cristo Amado.

Como você vai desenvolver o seu ministério é algo que você tem que buscar em Deus. Faça uma reflexão sobre as suas motivações e, por favor, seja honesto consigo mesmo. Reconheça a sua miserabilidade e a sua volúpia por encher a igreja a qualquer custo. Finalmente, leia 1Pe 5 e entenda que o rebanho é de Deus e que Jesus Cristo é o Supremo Pastor.

Paz e bem!

Antonio Carlos Barro – Doutor em Estudos Interculturais pelo Fuller Theological Seminary(California/EUA), Fundador da FTSA e atual Diretor Geral da FTSA, Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil.