Mayara Agar Araújo

Mayara e seu esposo são alunos da Teologia Presencial. Além de estudarem juntos, também se dedicam juntos ao trabalho missionário. Recentemente, ela passou pelo projeto Construindo Pontes como aprendiz e agora já é professora dos vários estrangeiros que buscam aprender o português. Conheça um pouco da sua história e como funciona o projeto.


Sempre estive envolvida com missões, seja orando, apoiando ou incentivando, já atuei como parceira do Portas Abertas para promover o DIP (Domingo da Igreja Perseguida) nas Igrejas que frequentei. Quando optei pela minha primeira graduação em fisioterapia, achei que estava me afastando do chamado missionário, pois foram quatro anos de estudos intensos. Mal sabia que faria uma viagem missionária junto com meu esposo Leandro (na época meu amigo) para uma vila de pescadores no litoral sul de São Paulo, em Cananéia. Lá atuei na minha área de fisioterapia fazendo visitas domiciliares, realizando atendimentos individuais e atendimento de paciente neurológico. Foi uma das experiências mais incríveis que tive. Isso me animou muito, mas o meu conceito de missão ainda estava em ir para um lugar distante de minha origem.

Em 2016, fiz a Escola de Fé História e Política pelo Avalanche Missões e tive muito contato com a Missão Urbana. Percebi que fazia algumas coisas, sem entender que era missão urbana. Ao final da escola, entrei como voluntária em Londrina, como professora de história, em uma casa de recuperação para pessoas que vinham das drogas, prostituição e outros vícios. Já casada, eu e o Leandro, servimos por um ano como missionários nesta mesma organização e, foi nesta época que iniciamos nossos estudos em Teologia, pois, sentíamos que precisávamos de algo mais profundo no saber teológico e bíblico.

Quando iniciei meus estudos em Teologia na FTSA minha visão começou a mudar. Hoje tenho uma compreensão maior do que são missões. Percebi que não precisava sair do Brasil, onde vivemos um momento único e quando outros povos e culturas estão chegando por aqui; eu não poderia perder esta oportunidade de levar o perfume de Cristo, de permitir que as flores nasçam e cresçam em meio ao caos. É em momentos como esses que o Reino de Deus precisa se fazer presente. Então me tornei professora voluntária de português para imigrantes, especialmente haitianos devido minha fluência no francês. Ministro as aulas nos sábados e a minha turma só vem aumentado. _

Mayara Agar de Araújo Silva


Como a FTSA contribuiu com sua visão e ministério pessoal?

Quando cheguei na FTSA praticamente era uma desconhecida, transferida de outra faculdade, nunca pertenci a uma turma específica de fato, pois, fazia uma matéria em cada ano. No entanto fui muito bem acolhida não somente pelos alunos, mas pelos professores, coordenadores, diretores e até mesmo o pessoal da secretaria e segurança. Flávio e Rubens, nossos professores e nossos pastores, além de nos incentivarem ao estudo, foram os primeiros a investirem nas nossas vidas e acreditar em nós.

Logo no primeiro ano, nas aulas do Antonio Carlos, o AC, tive o privilégio inicial de tecer comentários que fizeram com que ganhasse um grande amigo; mais do que um professor um pai que sempre me abraça, me apoia, que com sua experiência sabe a dose certa de motivação e pé no chão. Foram em suas aulas que aprendi sobre a missão integral e comecei a elaborar meus pensamentos acerca disso; da missão que se faz no caminho, de tratar o próximo com dignidade, humanidade de uma forma completa, de caminhar com a Bíblia em uma mão e o jornal na outra.

Depois tive a honra de compartilhar minha vida e caminhar de perto com duas mulheres incríveis: Sueli Silva e Vanessa Carvalho. Mulheres que me inspiram na caminhada, que escutaram meus choros, estiveram comigo quando pensei em desistir, que me acolheram, me deram forças, me orientaram para que eu entendesse que missão não se faz apenas dentro da igreja, mas fora também, e foi nesse entendimento que comecei a fazer pequenas e pontuais intervenções urbanas. 

E como você chegou até o projeto com imigrantes?

No segundo ano, as aulas de ética e cidadania ministradas pelo professor Jonathan me inspiraram muito, me fez rever vários conceitos que tinha, ressignificar outros, abrir mão de alguns, foram mais do que aulas, foram lições de vida. Depois por meio de Angelina e Don, professores da FTSA, tive contato com o tema da Diáspora e assim conheci o projeto de aulas para estrangeiros por meio do Maurício Medina, graduado da FTSA e que já estava ministrando aulas de português para os imigrantes. Participei de um workshop “Construindo Pontes”, que me orientou, além dos materiais fornecidos pelo Maurício que me ajudaram muito na construção das aulas, e sigo fazendo isso com muito amor.

Por que contei tudo isso, porque acredito que são as histórias que trazem valor e pertencimento, hoje sei que tenho muito dessa faculdade em quem eu sou, e sei que vou deixar um pouquinho de mim aqui também. Foram por meio destas pessoas que me incentivaram, apoiaram, que compreendi e tenho compreendido meu chamado.

Cada um tem sua história, cada estrangeiro tem sua história, o que faz a diferença é como olhamos para cada um, se não fosse o olhar e o encorajamento de cada uma dessas pessoas, além de todas as minhas amigas e amigos de classe, do meu esposo que é meu maior incentivador, da minha família, pessoas que investiram na minha vida, talvez hoje eu não estivesse aqui. De fato, talvez esteja reproduzindo o que meus mestres e mestras me ensinaram… a olhar cada pessoa que passa no meu dia com o olhar de Cristo e derramar minha vida na vida de outras pessoas, e esta vida, a vida que recebi de Cristo, consumador da minha fé, é que traz todo sentido a minha existência. Tudo isso devo a Deus, que sem dúvidas foi o primeiro a olhar para mim, com o olhar mais encorajador do mundo!!!

Como tem sido sua rotina no projeto?

Durante minha semana, separo algumas horas para pesquisar e preparar as aulas, no sábado iniciamos a aula as 15h e terminamos as 17hrs. Tento mesclar coisas cotidianas, do dia-a-dia com gramática, leitura e interpretação de texto, estimulo ao máximo a conversação na língua portuguesa e as vezes fazemos atividades práticas. É também divertido, como a aula que fomos ao supermercado, conhecer os setores, saber pedir um pão, conhecer as frutas e legumes mais consumidos aqui e outros. Minha turma é formada de imigrantes que estão a pouco tempo no país e ainda não falam nada de português, sendo necessário especialmente nesse começo usar os dois idiomas. Temos um grupo no WhatsApp de todos os professores e alunos que participam do projeto; ali sempre postamos conteúdos que eles podem acessar pela internet para conhecerem mais a cultura brasileira, também orientamos caso seja necessário, se precisarem de médico, tomar algum medicamento, roupa, e etc.

Quem tiver interesse em participar das aulas de língua portuguesa para estrangeiros deve procurar a Pastoral do Imigrante (Rua Dom Bosco, 145, fone 3371-3141 Londrina PR)