Como decidir o que pregar na igreja, domingo após domingo? O professor Dr. William Lacy Lane aponta alguns caminhos que podem ajudar na tarefa da pregação. Confira!
O que pregar domingo?
Como você decide o que você vai pregar no próximo domingo?
Talvez um dos maiores desafios do pregador seja decidir o que pregar a cada domingo.
O desafio da pregação
A decisão sobre o que pregar não é um problema apenas daqueles que pregam várias vezes na semana e sentem que a fonte da pregação se esgotou. Também não é problema apenas dos pastores novos, sem experiência, ou de pastores que dividem suas atividades ministeriais com outra atividade profissional. É um desafio de todo pregador. Acredito que como lidamos com esse desafio e o que fazemos para superá-lo influenciará muito a qualidade da exposição bíblica e, consequentemente, da vida do povo da igreja.
Um plano de pregação
Muitos pregadores, pastores e leigos, não têm um plano de pregação, portanto, pregam assuntos aleatórios e espontâneos. Acredito que esses são mais suscetíveis ao esgotamento. Por outro lado, há pastores que fazem um plano, se não anual ou semestral, pelo menos a cada mês ou dois. Outros gostam de pregar pequenas séries de sermões sobre um tópico específico. O planejamento é importante. Há diversas formas de montar um plano de pregação. Vamos sugerir alguns.
Planejamento de pregação
Não é difícil montar um plano de pregação. Se você é o único pastor da igreja, portanto tem de pregar todo domingo, pode fazer um plano anual ou semestral geral e a cada mês revisar o plano para os 2 ou 3 meses seguintes. Imagine o seguinte: o ano tem 52 domingos. Você pode distribuí-los inicialmente entre os seguintes enfoques:
– Ceia: 12 domingos
– Páscoa, Pentecostes, Ascensão, 4 domingos do Advento e Natal: 8 domingos
– Datas comemorativas da igreja (mês de aniversário): 4 domingos
– Datas denominacionais: 3 domingos
– Datas civis: Dia das mães, dos pais, das crianças, da Pátria: 4 domingos
Sobram 21 domingos. Se você tira férias de um mês, são menos 4 domingos. Com os 17 restantes, você pode reservar 3 para tratar de algum assunto específico que a igreja está enfrentando. Depois pode planejar 4 séries de 3 ou 4 mensagens sobre algum assunto específico ou exposição de um texto bíblico.
Desenvolvendo uma série de pregações
Qual é a melhor maneira de criar uma série de pregações? Há diversas maneiras. Algumas delas são: calendário litúrgico, exposição de um livro bíblico, tema relacionado à vivência da igreja.
Pregando o calendário litúrgico
A pregação do calendário litúrgico pode ser feita seguindo um lecionário. O lecionário é um programa de 3 anos que inclui as leituras bíblicas para cada semana de acordo com as datas litúrgicas. Para cada domingo tem a leitura de uma passagem dos Evangelhos, Salmos, e Profetas ou a Lei. A vantagem do lecionário é que você sempre terá indicação do texto de acordo com o calendário. É muito bacana pregar pelo calendário litúrgico. Isso possibilita também planejar melhor as músicas do culto. É impressionante como o texto muitas vezes casa com a situação que a igreja está vivendo. Há desvantagens? Também.
Pregando sobre um livro bíblico
Pregar sobre um livro bíblico também é uma forma de se programar as pregações. Neste caso, é importante selecionar antecipadamente as passagens e não se limitar àquele tipo de pregação versículo por versículo ou capítulo por capítulo. Martin Lloyd-Jones é provavelmente o mais famoso pregador de textos bíblicos. Ele pregou semanalmente a carta de Paulo aos Romanos durante aproximadamente 14 anos. Esse tipo de pregação é necessário hoje, uma vez que as pessoas não estão lendo a Bíblia. Portanto, precisam ouvi-la semanalmente.
Pregando temas específicos
Talvez a forma mais comum de pregação em série seja abordar algum assunto específico que o pastor queira tratar com a igreja ou sobre algo que a igreja está enfrentando. Nessa série podem se incluir temas relacionados à família, missão, finanças, desafios da vida moderna, liderança, adoração, etc.
Pregando de acordo com o planejamento estratégico da igreja
Outra forma eficaz e didática de pregar é seguir o planejamento estratégico da igreja. Para a igreja que possui um planejamento, a pregação é mais uma ação para se alcançar as metas e objetivos da igreja. Neste sentido a pregação deve estar em sintonia com tudo o que está ocorrendo na igreja.
Pregação a partir da experiência com Deus
Talvez uma das formas mais comuns de escolha de pregação é pregar a partir daquilo que o próprio pregador tem aprendido em sua caminhada pessoal com Deus. A pregação, então, é fruto da devocional e reflexão do pastor. O lado positivo disso é que a pregação se torna pessoal. O pregador vai falar daquilo que ele mesmo está experimentando. A desvantagem é que a pregação pode ser reduzida aos altos e baixos do pastor e assim não aborde assuntos mais objetivos sobre a Palavra ou os problemas da igreja.
E o Espírito Santo onde fica?
Talvez alguns sintam que o planejamento antecipado exclui o Espírito Santo. Afinal, é correto planejarmos o que vamos pregar? Não devemos depender da direção do Espírito Santo? Temos a impressão que tudo que é planejado vem da mente ou razão humana, portanto, não pode ser obra do Espírito. O Espírito sopra aonde quer. Ou seja, parece que o Espírito sempre age na espontaneidade. Contudo, o Espírito age não só no nosso planejamento, mas também na pregação de maneira assombrosa. Lloyd-Jones, o mais conhecido pregador de cada versículo bíblico, possuía o que chamava de “lógica no fogo”; ao mesmo tempo em que seguia um raciocínio lógico ele dependia da unção do Espírito.